
Se na sua relação o humor não surje facilmente, se as idiossincrasias do seu companheiro já não são (nem um bocadinho) agradáveis, ou se está num casamento em que suas necessidades emocionais não estão a ser satisfeitas, então talvez esteja num casamento solitário. Continue a ler, há esperança.
Os casamentos solitários são reais. E relativamente comuns. Converse com alguém que tenha estado num e eles lhe dirão que é pior estar sozinho num casamento do que estar realmente sozinho. Segundo dados cientificos cerca de 40% das pessoas, em algum momento da sua vida, conhecem a dor de estar sozinhas na sua relação.
Todos os casamentos solitários tem uma coisa em comum: pelo menos um dos cônjuges sente-se emocionalmente abandonado.
O abandono emocional pode ser confuso, vago e difícil de identificar, porque muitas vezes dorme todas as noites com essa pessoa, co-educam os filhos, e é a pessoa com quem ainda tem sexo. Mas também é a pessoa com quem – quando é honesto consigo – sabe que algo está errado. Que algo está em falta.
Estar num casamento solitário não significa que não ama o seu parceiro. Estar num casamento solitário significa que o exclui emocionalmente. Exclui-o dos seus pensamentos. Quando conversam não estão a comunicar esperanças, medos e sonhos. Por vezes, não discutem nem demonstram desarmonia, apenas porque descobriram que é mais fácil não o fazer.
Podem ambos continuar a ser pais amorosos e atenciosos. Muitos dos casais que se sentem desconectados reagem ao vazio emocional direcionando a maioria das suas energias na direção dos filhos.
Num casamento solitário a distância emocional entre vocês aumentou a ponto de ao amor faltar uma intimidade essencial – uma ternura de palavras, ações e pensamentos. Um tipo de ternura que conhece e que sabe é possível existir no casal, porque foi essa ternura que vos atraiu um pelo outro.
Lembra-se?

Mas existe esperança. A maioria dos relacionamentos nos quais a solidão se instalou podem ser alterados. Estes casamento podem ser levados de volta a um estado de riqueza emocional. É possível encontrar de novo uma energia positiva e intimidade renovada.
Com um pouco de trabalho, e alguns ajustes de comportamento, pode voltar a ter um relacionamento no qual conhece as preocupações atuais do seu parceiro, em que podem rir juntos dos absurdos e aborrecimentos diários da vida, e em que antecipam com alegria uma noite em que as crianças estão em outro lugar e podem fazer algo que desejem, juntos.
Ao tomar a decisão de recuperar a conexão com seu parceiro, resolva primeiro que tudo ser paciente.
Ao tomar a decisão de recuperar a conexão com seu parceiro, resolva primeiro que tudo ser paciente.
O trabalho que tem pela frente não é muito diferente do trabalho de recuperar a forma física após uma lesão ou doença. Reconstruir os músculos da sua relação, depois de permitir que eles se atrofiassem, exige um pouco de esforço. Mas “pouco” é a palavra-chave. A memória muscular é uma coisa poderosa, e isso é verdade também para os músculos da intimidade.
O regime de recuperação muscular do vosso relacionamento tem três passos simples.
Pergunte
Se se sentir sozinho, provavelmente o seu parceiro também se sentirá sozinho – e sem esperança, e desamparado, e sem saber por onde começar. Comece consigo. Tome a iniciativa. Faça ao seu parceiro pelo menos uma pergunta por dia sobre algo não relacionado com a vivencia diária. Perguntas como “Pagaste a conta da luz?” E “Podes ir buscar as crianças amanhã á escola?” Não contam.
Pergunte ao seu parceiro o que é que o preocupa, anima, estressa ou o que antecipa com agrado. E depois, realmente ouça as respostas.
Comece com perguntas simples e não se surpreenda se o seu parceiro reagir inicialmente com suspeita. Restabelecer a conexão emocional é efetuar uma mudança de energia, em si e na relação. É voltar a querer saber o que a outra pessoa pensa e sente e voltar a querer partilhar os seus próprios pensamentos e sentimentos. Estabeleça como meta envolver o seu parceiro em conversas com esta curiosidade sobre ele, todos os dias. Com o tempo ele começará a retribuir fazendo-lhe perguntas semelhantes. Poderá não ser imediato, mas confie que irá acontecer.
Entre no mundo dele
Mais especificamente, entre no mundo dos seus pensamentos. Isso acontecerá naturalmente quando faz perguntas. Mas faça um esforço adicional, interno e silencioso, para adotar a perspectiva de seu parceiro.
Escolha 60 segundos todos os dias, feche os olhos e utilize um minuto para imaginar como é que o mundo do seu parceiro é atualmente – do ponto de vista dele.
O que é que ele está a sentir? A precisar? Qual é sua realidade atual? Quais são os desafios que enfrenta? Onde é que encontra alegria? Utilize este minuto para ver o mundo através dos olhos do seu parceiro, entregando-se a esse exercicio com generosidade, curiosidade, e empatia.
Não precisa de conversar com ele sobre isso. É uma atividade da imaginação. Imagina que entra dentro do corpo dele e durante esse minuto, você é ele, e vê o mundo através dos seus olhos.
Crie rituais de conexão
Escolha criar pequenos momentos de experiências partilhadas.
Se o seu parceiro é quem costuma fazer o jantar, junte-se a ele na cozinha e pergunte como pode ajudar ou participar. Sente-se com ele um pouco a ver em conjunto o seu programa de televisão favorito. Vá ter com ele ao quarto uns minutos antes e sente-se a ler um livro como ele faz, todos os dias antes de ir dormir.
Estes pequenos gestos diários de conexão são uma cola poderosa com a qual se controem casamentos prósperos. Cada um destes pequenos gestos contribui para criar o sentido de “nós”, cria pontos de partilha de experiências, e fomenta o sentido de conexão com o outro.
Peça ajuda para si
E, se a solidão se prolongar no seu casamento há demasiado tempo, procure ajuda para o sustentar a si, neste processo. Peça referências a um amigo ou colega, ou faça uma pesquisa no Google para encontrar um terapeuta ou coach pessoal. A relação constroi-se diariamente – geralmente é suficiente um dos elemento mudar a sua forma de estar e de fazer e toda a construção diaria da relação se modifica.
E pense na terapia, no coaching, como educação, como descoberta. Tem agora uma oportunidade segura e acolhedora de aprender novas formas positivas de estar em relação. Aprender o que telvez não lhe tenham ensinado.
Se tem filhos, aproveite o vosso desejo de criar jovens saudáveis e felizes e lembre-se de que a coisa mais importante que podem fazer pelos vossos filhos é ter um relacionamento saudável. Sim, eles estão a assistir. E a aprender.
E, sim, pode recuperar a intimidade novamente. Pode dar algum trabalho. Mas lembre-se: é o trabalho mais valioso e precioso que fazer.

Acho o programa de conexão emocional muito bem estruturado e plausível, suscetível de reaproximar, e resolver a exclusão sentida em um casamento solitário. A ideia do casamento solitário é forte. Pq não fazer a aproximação a um programa de Televisão, px à apresentadora Cristina?
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Tenho passado por isso atualmente em meu casamento, obrigado por escrever esse excelente texto com ótimas dicas e sucesso!
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